Igreja lança diretrizes para implementar o Sínodo em todas as dioceses do mundo
Publicação oficial divulgada no último sábado, 6 de julho, detalha orientações práticas para tornar concreta a vivência da sinodalidade nas comunidades locais.
Por Redação
A Igreja Católica iniciou a fase de implementação do processo sinodal com a publicação do documento Traços para a fase de implementação do Sínodo, lançado pela Secretaria Geral do Sínodo no último sábado, 6 de julho. O texto fornece orientações práticas para que dioceses, paróquias, comunidades e organismos eclesiais em todo o mundo coloquem em prática os frutos do caminho sinodal iniciado em 2021, sob o tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”.
A nova etapa sucede os anos de escuta do povo de Deus e as duas sessões da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (realizadas em outubro de 2023 e outubro de 2024), e tem como base o Documento Final aprovado no encerramento da segunda sessão. De acordo com o texto, o objetivo é iniciar uma transformação concreta da vida e da missão da Igreja, renovando práticas, estruturas e relações a partir da escuta, do discernimento comunitário e da corresponsabilidade eclesial.
“Toda mudança na vida da Igreja tem o objetivo de torná-la mais capaz de anunciar o Reino de Deus e testemunhar o Evangelho do Senhor para os homens e mulheres do nosso tempo”, afirma o documento, que alerta para a urgência de não perder o impulso gerado ao longo do processo.
Diretrizes e calendário
A fase de implementação se estenderá até outubro de 2028, culminando com uma Assembleia Eclesial no Vaticano. Até lá, as dioceses deverão percorrer um caminho dividido em etapas:
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2025–2026: implementação nas Igrejas locais;
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2027: assembleias de avaliação nas dioceses, conferências episcopais e agrupamentos continentais;
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2028: assembleias continentais e, em outubro, a Assembleia Eclesial no Vaticano.
No âmbito formativo e espiritual, destaca-se ainda o Jubileu das equipes sinodais e dos organismos de participação, que ocorrerá de 24 a 26 de outubro de 2025, durante o Ano Jubilar.
Protagonismo das Igrejas locais
O documento reforça que a implementação depende do compromisso direto das Igrejas locais, sob a responsabilidade dos bispos diocesanos ou eparquiais. A eles cabe iniciar, acompanhar e validar localmente os caminhos sinodais, sempre com o apoio das equipes sinodais, conselhos pastorais e outros organismos de participação.
A fase é descrita como um tempo de discernimento pastoral e de escuta ampla, inclusive das pessoas e grupos que estiveram à margem do processo. Também são incentivadas novas formas de atuação nos campos da educação, saúde, assistência social, ambientes digitais e na integração com comunidades migrantes e excluídas.
Prioridades destacadas
Entre os principais focos da fase de implementação estão:
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Promoção da espiritualidade sinodal como base da ação pastoral;
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Fortalecimento dos organismos de participação previstos pelo Direito Canônico;
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Incentivo à liderança de leigos, incluindo mulheres e jovens;
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Práticas de escuta, avaliação e prestação de contas;
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Renovação da ação pastoral paroquial e missionária;
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Valorização dos ministérios não ordenados;
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Diálogo ecumênico e inter-religioso;
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Compromisso com a justiça social e a ecologia integral.
As decisões locais deverão sempre estar alinhadas com o Documento Final, que foi entregue à Igreja pelo Papa Francisco em novembro de 2024 e é reconhecido como parte do magistério ordinário da Igreja.
Continuidade e missão
Com a morte do Papa Francisco e a eleição do Papa Leão XIV, em maio de 2025, o caminho sinodal ganhou novo impulso. O atual pontífice reafirmou a continuidade do processo e destacou, em sua primeira audiência com o Conselho do Sínodo, que a Igreja “deve estar de braços abertos a todos, promovendo o diálogo e a caridade”.
A Secretaria Geral do Sínodo será responsável por coordenar o processo de implementação ao longo do quadriênio 2025–2028, apoiando dioceses, estruturas continentais e grupos de estudo teológico e pastoral.