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Editorial

A Missão é Esperança que Recomeça

Foto: Arquivo IMC

Falar do mês de setembro para a Igreja no Brasil é instintivamente associar o período à Palavra de Deus, a Bíblia. É também o início da primavera, tempo de florescer e renascer. Esta edição da Revista Missões convida cada leitor a mergulhar nesse espírito de recomeço, iluminado pela Palavra de Deus e pelo compromisso missionário que une a todos.

A cada página, encontramos sinais de que a missão não é uma tarefa isolada, mas um caminho comum, aberto a todos os batizados e guiado pelo Espírito. O Concílio Vaticano II nos recorda que os leigos têm papel insubstituível na vida e no anúncio da Igreja. A missão, portanto, não se limita aos consagrados: ela é corresponsabilidade de cada cristão, chamado a ser presença de esperança em seu ambiente.

Ao mesmo tempo, somos tocados pelas histórias de dor que se transformam em testemunhos de fé. Milagres cotidianos, experiências de cura e superação, narram que Deus continua a agir no meio do seu povo. Não se trata de narrativas distantes, mas de experiências concretas que renovam nossa confiança no Evangelho vivo.

Também o testemunho missionário nos diversos cantos do mundo nos desafia a sair de nós mesmos. Na Ásia, o encontro com povos de línguas e culturas tão diferentes ensina a paciência, a escuta e a humildade. Na Amazônia, os 60 anos da presença missionária da Consolata junto ao povo Yanomami recordam a fidelidade a um chamado que ultrapassa gerações. Ali, a missão não é apenas anúncio, mas defesa da vida, do território e da dignidade dos povos originários.

A dimensão social e ecológica da fé aparece igualmente como exigência inadiável. O cuidado com a criação, denunciado pelo Papa Francisco como um campo em que a omissão é pecado, pede de nós uma conversão que ultrapassa discursos e se traduz em ações concretas. A ecologia integral não é acessório da fé, mas parte essencial da justiça do Reino.

Entre as páginas desta edição, a espiritualidade mariana da Consolata, a inspiração de santos como Allamano e Carlo Acutis, e a vivência das famílias missionárias nos recordam que não caminhamos sozinhos. A Mãe Consolata é presença que sustenta, consola e conduz; e os santos são faróis que nos mostram a beleza de uma vida doada.

Por fim, não podemos esquecer dos migrantes, do trabalho que os missionários desenvolvem junto ao povo warao, na divisa com a Venezuela. A missão, hoje, passa também pelo acolhimento, pela fraternidade sem fronteiras, pela defesa da dignidade de cada ser humano.

O Jubileu da Esperança, convocado pelo Papa Francisco, não é apenas uma celebração: é um chamado à ação. É tempo de renovar o ardor missionário, de recomeçar com coragem, de semear sinais de vida onde há desânimo, dor e desesperança. Boa leitura!

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