Brasileiros fazem caminhada da CF 2011 em Roma

26 de março de 2011

Arlindo Pereira Dias, SVD ??? Roma

No domingo, 27 de março representantes do RBR (Religiosos Brasileiros em Roma) e da Comunidade brasileira Nossa Senhora Aparecida realizaram a tradicional caminhada pelas ruas de Roma. O encontro teve inicio às 7h30 com a celebração Eucarística na Basílica Santa Maria Maggiore. Os religiosos expressaram sua sintonia com a Igreja no Brasil refletindo e rezando o tema da Campanha da Fraternidade 2011 "A criação geme em dores de parto". A cor verde-amarela e as canções alegres atraiam a atenção dos turistas ao longo das ruas da cidade. O encontro terminou com a oração do Ângelus na Praça São Pedro onde os participantes receberam uma palavra de alento do papa Bento XVI.

Religiosas e religiosos de países como Itália, Alemanha, Filipinas e Áustria que realizaram experiência missionária no Brasil se juntaram ao grupo. A irmã Laura Cantoni, da congregação das Missionárias da Imaculada que trabalhou de 2000 a 2010 na periferia da cidade de Manaus e em uma equipe itinerante com os povos indígenas na região de Maués, no interior do Amazonas disse haver se "encontrado de novo no mundo brasileiro num momento de espiritualidade e fraternidade".

A portuguesa irmã Maria da Conceição Ribeiro, conselheira geral da Congregação das Irmãs Dorotéias juntou-se ao grupo pela primeira vez e considerou a via sacra "muito original e significativa por ter conseguido fazer algo relacionado com a criação, a ecologia e as preocupações do cuidado da vida no planeta". "Acho que os brasileiros são criativos e sensíveis a natureza e à vida da terra, até porque vivem em um país com problemas tão grandes relacionados à natureza e à criação", acrescentou.

O P. Angelo Mezzari, superior Geral da Congregação dos Rogacionistas também caminhou com o grupo. "È para mim uma alegria poder encontrar com os amigos religiosos do Brasil e sentir-se parte desta fraternidade. Ao mesmo tempo é uma oportunidade de sintonizar-se com a temática do cuidado com a terra, a vida e as criaturas. Não se trata só de uma temática da Campanha da Fraternidade do Brasil, mas de uma questão fundamental para a vida humana na terra".

A pessoa de Jesus Cristo como resposta à grande perda de sentido
P. Angelo Ademir Mezzari, superior geral dos Rogacionistas do Coração de Jesus é natural de Forquilhinha em Santa Catarina. Entrou na congregação aos 12 anos e fez sua formação em São Paulo. Ordenado sacerdote em 1984, P. Ângelo é licenciado em Filosofia e Teologia, com especialização em Teologia Dogmática. Também é licenciado em Jornalismo. É um dos fundadores do Instituto de Pastoral Vocacional (IPV), participou em varias comissões ligadas à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Foi por oito anos provincial na província sul-americana Brasil, Argentina e Paraguai No ano 2010 foi eleito superior geral da congregação. Ângelo afirmou que a sua eleição representa "a esperança naquilo que a Igreja Latino Americana pode contribuir no sentido de dar nova forma e novo rosto à vida consagrada Rogacionista". P. Ângelo falou conosco durante a caminhada:

Que desafios você percebe em relação à problemática das vocações?
Em relação à problemática das vocações no contexto mundial o Brasil conta com uma grande vantagem que é a vida de Igreja. As vocações hoje, seja para a vida religiosa ou diocesana, dependem do contexto de uma igreja que seja realmente viva e participativa. Uma das causas da falta de vocações è a carência de vida de Igreja e de compromisso com o povo. O Brasil é um modelo neste sentido porque se compromete do ponto de vida organizativo e eclesial: os vocacionados sejam leigos, religiosos ou sacerdotes são muito comprometidos.

O desafio atual é a falta de testemunho, a falta de coerência. Isto afasta as pessoas da vida eclesial e de fé, especialmente os jovens que poderiam fazer este caminho de consagração, de doação aos irmãos. A grande revolução do ponto de vista vocacional seria à volta a uma igreja comprometida com as causas sociais, com as causas dos pobres, com a causa do povo que é, portanto, a causa de Deus. Enfim, religiosos e leigos que sejam testemunhas de simplicidade, pobreza e solidariedade.

O grande desafio é contar com mais testemunho, mais martírio, mais amor. Impossível seguir Jesus Cristo naquilo que a sociedade já vive. Só se segue Jesus Cristo naquilo que pode ser novidade para a vida, um sentido para a vida. Na sociedade européia não tem sentido para um jovem seguir Jesus Cristo sabendo que vai encontrar o mesmo estilo de vida que já tem, com os bens que tem. A vida religiosa brasileira, latino-americana e africana pode contribuir com este sentido novo que certamente vai trazer uma esperança vocacional.

Que desafios você vê para o futuro da vida da Igreja?
Como membro de uma congregação de carisma vocacional, um dos grandes desafios é a questão a defesa da vida em todas as suas formas e modos. Outro grande desafio é criar espaços de justiça, de vida e de paz. Nós religiosos temos um papel fundamental quando anunciamos e evangelizamos: ajudar a construir uma sociedade mais justa e fraterna. O anuncio da pessoa de Jesus Cristo é uma resposta à grande perda de sentido que a humanidade vive hoje.

 

Fonte: Revista Missões - Arlindo Pereira Dias

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